Ciência
Qual é verdadeiramente o risco de contágio em restaurantes?
Em Novembro, na Alemanha, os bares e restaurantes ficam fechados, a fim de evitar contágios. Em que números se baseia esta decisão? Um artigo da revista Der Spiegel.
No Verão, a Grã-Bretanha queria ajudar os proprietários da restauração que na Primavera foram obrigados a encerrar os seus estabelecimentos, sofrendo assim grandes perdas. «Eat out to help out», era o conceito: comer fora para dar uma ajuda. Aos aderentes desta campanha era reembolsado metade do custo com comida e bebidas não alcoólicas. Do ponto de vista económico, a medida poderá ter sido um êxito — mas também o foi para o coronavírus, segundo um estudo actual publicado.
Thiemo Fetzerm, da Universidade de Warwick, indica que as infecções uma semana depois do início do programa aumentaram a nível local, tendo diminuído nas duas semanas a seguir ao seu término. O investigador escreve que, com base num cálculo grosseiro, a medida terá sido responsável por 8 a 17 por cento dos novos clusters de infecção neste período.
Muitos surtos revelam que o risco aumenta sobretudo quando as pessoas
- permanecem muito próximas durante períodos prolongados,
- não usam máscara,
- contribuem ao mesmo tempo para aumentar a quantidade de gotículas e aerossóis no ar — ao cantar ou durante o esforço físico.
Que fazem as pessoas no restaurante? Tiram as máscaras para comer e beber — e conversam, riem-se alto, inclinam-se para a pessoa do lado. Condições favoráveis ao vírus.
Para quem se pergunta agora se, com estes dados de base, foi correcto fechar também os restaurantes na Alemanha: no final de contas, a decisão foi tomada sem saber ao certo com que frequência os restaurantes, bares e cafés se tornam lugares de infecção. O confinamento actual é uma medida que pretende reduzir a um mínimo os contactos entre todas as pessoas — quer seja em casa, ao comer fora, ao praticar desporto num pavilhão, no cinema ou na massagem.
Deve evitar-se todo e qualquer contacto que possa ser evitado, enquanto não conhecemos com precisão os caminhos que o vírus procura. Os estabelecimentos que continuam abertos são, do ponto de vista puramente epidemiológico, um risco residual.
Fonte: Der Spiegel